Por Milton Corrêa da Costa - Tenente Coronel da reserva da PM do Rio.
Num período de 48 horas, no Rio de Janeiro, cinco policiais militares fora mortos por marginais da lei. Num dos lamentáveis incidentes, um terceiro – sargento foi baleado e morto num assalto a ônibus, na Avenida Automóvel Clube, em São João de Meriti, em presença de sua filha, uma adolescente de 14 anos, ao tentar impedir o roubo. Certamente que a jovem levará a triste seqüela proveniente do lamentável fato para o resto de sua existência. Foi testemunha do assassinato de seu pai que tentava defender a sociedade da ação marginal.
Estamos diante, sim, de uma chacina conta-gotas que de há muito ceifa (covardemente) a vida de policiais militares no Rio. Nos últimos doze anos cerca de 1200 PMs foram mortos, numa média de 100 por ano, fato inédito na história policial do mundo.Tal número de mortos é equivalente a um efetivo de um Batalhão PM classe A.
Na França a média anual é de três policiais por ano. No Canadá a média de policiais mortos/ano não chega a um. Note-se que a comparação está sendo feita entre apenas uma instituição policial, de um estado brasileiro, e países que envolvem todas as suas corporações policiais, fato que demonstra a extrema violência da guerra urbana que vivenciamos, onde o grau de letalidade do banditismo do Rio ameaça, permanentemente, a vida de cidadãos e defensores da lei. Matam vítimas indefesas com armas de guerra.
Causa espécie, no entanto, que os organismos de proteção aos direitos humanos- – gostaria de saber quem os financiam- permaneçam calados diante de fato de tamanha gravidade, só comparável hoje à violência no Iraque. Por que se calam os arautos dos direitos humanos e não denunciam ao mundo tamanha barbárie, onde ser policial, no Rio de Janeiro, significa possuir um passaporte para a morte? Que organização de direitos humanos prestará assistência à adolescente que presenciou o covarde assassinato do pai policial? Para que servem tais organizações? Para tão somente denunciar a violência policial? Por que mantiveram-se caladas nos covardes assassinatos praticados por “bandidos sociais” a exemplo do caso da morte do bancário Marcelo, no bairro do Andaraí? A exclusão social confere direitos de matar, assaltar, estuprar e torturar?
São respostas que a sociedade fluminense, constantemente ameaçada por perigosos narcoterroristas, deseja urgentemente saber. Até quando a chacina conta-gotas prosseguirá? Certamente até que o clamor público clame pela implantação de uma lei penal mais rígida e menos benevolente, onde prevaleça, principalmente, o caráter intimidativo da norma e não as suas brechas, que muitas vezes incentivam à própria prática criminosa. Com a palavra o Congresso Nacional e os calados representantes dos direitos humanos.