Professor de cursinho explica a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial e o porquê, apesar de decisiva, essa participação saiu dos livros de história.
Tem feito sucesso na internet uma aula sobre a Primeira Guerra Mundial. O professor afirma, entre outras bobagens e inúmeros palavrões, que rendição da Alemanha na Primeira Guerra se deveu à Batalha das Toninhas. Os alemães, segundo ele, estariam atemorizados pelo fato de os brasileiros terem matado um grupo de toninhas, imaginando tratarem-se de submarinos inimigos.
A Alemanha vivia o caos em 1918. Por causa dos anos de guerra e do bloqueio aliado fome e doenças dizimavam a população civil. O clima era propício à uma revolução, ainda mais com a contribuição dos socialistas, contrários à guerra desde o primeiro momento. Em vários pontos do país ocorriam sublevações, incluindo aí a proclamação de uma república na Baviera. É neste cenário que o Kaiser Guilherme II abdicou ao trono, sendo o governo alemão ocupado pelos socialistas, que imediatamente assinaram a rendição.
Para trabalhar em pré-vestibular o professor tem que ser mágico. Ensinar toda a História mundial — com apronfundamento em história da América e do Brasil, corrigir exercícios, debater filmes e livros, comentar os últimos acontecimentos e acalmar o povo — vestibulando é um ser estressado e ansioso por natureza, tudo isto em 8 meses, com 4 aulas semanais. Tarefa para Mister M nenhum botar defeito.
O fardo é pesado e para evitá-lo muitos professores optam pelo anedotismo. A aula vira uma rotina de stand-up — aquele formato de show norte-americano onde o comediante atua sozinho no palco, sem cenário ou figurino. Neste tipo de aula-show o conhecimento é desvalorizado em nome da graça, mesmo que ela subverta o real sentido do que está sendo ensinado. Afinal, para professor-showman uma boa piada não tem preço.
O que este professor não percebe é que as piadas têm um preço pago pelo aluno. A perda de tempo, as simplificações e a superficialidade deste tipo de aula são sentidas tão logo o estudante necessite daquele conhecimento. No entanto o professor, engraçado e geralmente muito popular, não é alvo de críticas pelo seu fraco desempenho.
Para qualquer professor ou palestrante a anedota é fundamental. Ela deve ser rápida e totalmente pertinente. A anedota ajuda, pois cria uma pausa para descanso e organização das idéias da audiência e do orador. A piada pode ajudar a criar um clima mais relaxado e favorável ao conhecimento, mas nunca deve aparecer mais do que ele.
Entretenimento é entretenimento, aula é aula.
Em tempo: o professor da aula em questão é um bom comediante.
https://www.youtube.com/watch?v=YypLUBYsLxs
Trecho de uma crítica colhida em fóruns na Internet:
(...)A propósito; se por um lado não há incorreção histórica sobre a chamada "Batalha das Toninhas" - onde atacamos um cardume desses cetáceos ao confundí-los com um submarino alemão -, o fato ocorreu mesmo e ainda houve coisa pior, confundimos um navio americano com um submarino e o atacamos também! Isso mostra o grau de falta de treinamento e imaturidade da nossa marinha à época, por outro a tal da gripe espanhola que os brasileiros contrairam, apesar do nome não foi pega na Espanha, mas em Serra Leoa, primeiro ponto de parada (por ser mais próximo) ao se sair do nordeste brasileiro. Os brasileiros nunca chegaram ao sul da Espanha como o professor falou. E da forma que ele fala, parece que os brasileiros chegaram primeiro a Gibraltar e depois teve o lance da gripe, mas foi o contrário, a gripe chegou antes. O cara ainda fala que a gripe espanhola matou metade da população do país!
Também não se pode criticar apenas o professor. Já vi em vários colégios os Coordenadores Pedagógicos pedirem "aula-show" aos professores, como forma de "cativar" o aluno. Alto lá meu camarada! Até onde me lembro show em português está ligado ao ramo de entretenimento o que não é o caso da educação. Pelo menos não é ainda...
(...)Perdeu a oportunidade de discutir o (des)preparo dos nossos militares ou, no mínimo, perdeu a oportunidade de ficar calado.