BRASÍLIA - O sub-relator de sistematização da CPMI dos Cartões Corporativos, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), apresentou uma relação de gastos com os cartões corporativos feitos nos fins de semana entre 2002 e 2008. O montante alcançou os R$ 5,3 milhões, entre saques na boca do caixa e gastos diretos com o cartão. De acordo com ele, é preciso que cada gasto seja justificado já que o mecanismo de pagamento não foi concebido para uso nos fins de semana.
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"[Gasto em] Sábado e domingo tem que ter justificativa. Pode ser legal, mas [o cartão] não foi criado para usar no fim de semana", disse. "É lógico que deve ter gasto justificável, mas não é a regra", completou.
Sampaio apontou ainda os principais sacadores e compradores com o cartão. Em sua planilha, ele excluiu o IBGE e o Incra. A justificativa é que ambos os órgãos deram explicações para a CPMI sobre gastos em fins de semana.
Excluídos os dois, a recordista de pagamentos no fim de semana é a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), que usou R$ 51 mil em compras. O segundo é o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes, com R$ 37 mil, o terceiro um ecônomo do Instituto Nacional de Metrologia, com R$ 21 mil.
Matilde, em depoimento à CPMI, justificou gastos em finais de semana. Ela alegou que suas atividades e reuniões com lideranças de movimentos populares se davam quando a agenda era compatibilizada. Na ocasião, ela explicou que muitos desses líderes trabalham e só podem participar de reuniões e eventos nos finais de semana.
Quanto a Ulysses, a maioria dos gastos se deu em viagens. Ele justificou que todas eram de trabalhos e já devolveu a integralidade dos recursos gastos com cartões. Ele espera agora uma análise da Controladoria Geral da União (CGU), que vai analisar as despesas e devolver os recursos nos casos de gastos regulares.
Ao total, a modalidade "pagamento" com os cartões nos fins de semana chega a R$ 1,5 milhão. Já nos saques – R$ 3,8 milhões – os recordistas são ecônomos da Agência de Telecomunicações do Amazonas – R$ 21,1 mil – do Distrito de Meteorologia de Belém (PA) – R$ 12,8 mil – e da Superintendência de Trabalho do Pará, com R$ 11,8 mil sacados.
Sampaio explicou que os gastos serão auditados pelo deputado Índio da Costa (DEM-RJ), sub-relator de fiscalização da CPMI dos Cartões.
Gastos sigilosos
Em relação à analise das auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU), dos gastos sigilosos da presidência da República, que estão à disposição da CPMI, Sampaio comentou que sua metodologia de trabalho visará identificar as irregularidades mais graves.
Após isso, tentará perceber quais as mais rotineiras, saber se o TCU notificou a presidência para a promoção de correções e por fim avaliar se eventuais correções foram implementadas pelo Executivo.
Apesar do impasse entre governo e oposição em relação às sub-relatorias, Sampaio afirmou que esses dados serão aproveitados pelo relator da CPMI dos cartões, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). "O relator me disse que sugestões para aprimorar o uso dos cartões serão incorporados no relatório final".
Impasse
As sub-relatorias são vagas disputadas por membros do governo e da oposição na CPMI. O relator havia indicado dois governistas para os cargos de Índio e Sampaio, mas não teve os nomes aceitos pela presidente da comissão, Marisa Serrano (PSDB-MS).
O fato causou um imbróglio, e Sérgio ameaça não usar os relatórios de Índio e Sampaio caso não tenha as vagas de volta.